recomeçar; um filme: "A Divisão Social do Trabalho Segundo Adam Smith"

Após ausência de um ano e onze dias, creio, regresso ao "casa africana", iniciado em 2006, como blogue "não-diarístico", ao contrário do loja de 300, e que teve por causa única a minha viagem a Moçambique. Já então foi sol de pouca dura. Publiquei umas fotos e um texto sobre a viagem e calei-me. Mas em 2010 voltei. Precisava de um ambiente para registar uma espécie de pesquisa, um certo exercício - mental, solitário, secreto, não sei -, precisava de encontrar qualquer coisa, imagens e ligações, precisava de pensar, de me reorientar. Creio que esta vagabundagem é contemporânea de um quase-passo que (não) dei: o de abandonar o cinema. Enfim, há sempre uma espécie de última tentativa a fazer, e a esperança poderá ser exactamente isso, essa tentativa que se renova à menor brisa. Nesse Verão fiz um desses movimentos de aguentar custasse o que custasse.

A estação começou contra mim, fiquei sem o meu amado baccarazinho; mas, no mês de Agosto, lancei-me na escrita do "Adam", consciente, e estranhamente pouco angustiada, do prazo do concurso do ica: o início do mês seguinte. E, na véspera, lá estava eu  na David & Golias a entregar o projecto à Bárbara. Tivemos sorte. O projecto foi financiado. Quanto ao "casa africana", eu continuava, de forma pouco sistemática, numa deriva, não especificamente direccionada para o "Adam", mas para mim, pura navegação à vista. Não foi possível fazer o "Adam" logo depois da assinatura do contrato. Entretanto, deixei o blogue em pousio. Este Inverno fiz o filme.  Agora, a pretexto da estreia do filme no Festival de Vila do Conde, volto e recomeço. Vamos ver por quanto tempo vou estar aqui, neste porto de abrigo, na minha "casa africana".